O debate que vem sendo construído – pela pressão das redes
sociais e não governamental – em torno da construção do Museu dos Povos
Acreanos está centralizado na prioridade dada pelo governo do Acre para
aplicação de R$ 12 milhões até junho de 2018, em cultura, projeto anunciado
semana passada e que tem o crivo da primeira dama do estado, Marluce Cândido.
A crucificação foi imediata. A julgar pela reação das
pessoas nas redes sociais, não se pode investir em um equipamento novo se
outros estiverem em mau estado. E não se deveria investir tanto dinheiro em
cultura se a saúde estiver na UTI.
Os internautas têm razão.
Não foi apenas o grupo de artistas de Teresina (PI) que bateu com a cara na
porta do Museu da Borracha, em Rio Branco. Pesquisadores, historiadores,
estudantes vivem essa realidade desde 2013. Quem vai à estrada do Amapá,
interessado pela história de Plácido de Castro, também se depara com o completo
abandono da história e do patrimônio público.
Ou seja, há muito, que os museus do estado do Acre se
transformaram em coisa velha e empoeirada. Diante de um histórico como esse, o
repentino interesse do governo em investir R$ 12 milhões em cultura é, no
mínimo, estranho, soa mal aos ouvidos de quem nunca foi chamado para esse
diálogo e pior, com previsão de desembolso nas vésperas de uma eleição.
Postagem da jornalista e historiadora Fátima Almeida, nos
chama atenção para outro fato relevante. A atuação do Conselho de Patrimônio
Histórico que, neste caso, deveria intervir para que o prédio construído pela
Ordem Servos de Maria fosse tombado, restaurado para continuar com sua
finalidade de ensino.
“Se houvesse um Conselho do Patrimônio Histórico, não
aparelhado, com corpo técnico das belas artes - pintura, escultura e
arquitetura - mais historiadores, e a legislação federal fosse cumprida, mais a
estadual, o governador do Acre não transformaria o Colégio das Dores, de mais
de meio século, num museu, dos Povos das Florestas, simplesmente porque ele
quer” opina a historiadora.
Será o Museu dos Povos Acreanos mais uma “caixinha de
joias?”
O Palácio Rio Branco peca por não ter aberto em momento
nenhum um diálogo com a sociedade na prioridade de suas ações. O debate através
das redes sociais institucionalizado após a pressão que o projeto cultural
sofre, feito por detentores de cargos comissionados, deixa a desejar, não tem argumentos técnicos, científico. Esse governo age como um verdadeiro coronel de barranco.
Museu é bom para a saúde sim. Há estudos científicos que
comprovam este argumento. Mas estes espaços têm que servi como uma abertura de diálogo
com imigrantes, drogados, marginalizados. Essa é a verdadeira função de um
Museu.
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