Há muito se discute no Brasil qual a verdadeira finalidade
da manutenção na máquina pública de milhares de cargos comissionados, se não, a
de servir como moeda de troca para presidente, governadores e prefeitos
conquistarem apoio no legislativo.
A decisão do governador Sebastião Viana, que com uma única
canetada exonerou mais de 500 cargos comissionados e funções gratificadas nesta
segunda-feira (17), no Acre, mostra perfeitamente essa extensão das indicações
políticas no estado. Ou seja, tirando as lamentações naturais – afinal a
demissão é como um divórcio, tem lá seus altos e baixos – as engrenagens
administrativas vão continuar funcionando normalmente e, talvez, até melhores.
Sim, porque o grande problema não são as indicações
partidárias, isso é natural, mas o quanto a máquina pública suporta, quais os
efeitos dessas nomeações na administração e na qualidade do serviço público,
que muitas vezes é devastador.
O país enfrenta uma crise séria, os repasses foram
contingenciados, as arrecadações caíram de forma vertiginosa, mas os efeitos
desse cenário econômico são antigos. E não foi por falta de aviso que o governo
do Acre manteve a máquina pública inflada por tanto tempo. Talvez tenha sido
por capricho e até mesmo, estratégia para o resultado das eleições.
Por isso continuo afirmando que, a decisão para muitos acertada,
para mim, é acrescentada de outro substantivo: golpe. Golpe a esses pais de
famílias que, independentemente de serem ou não de esquerda, fieis ao projeto
político ai instalado, são cidadãos, acreanos, brasileiros. Foram demitidos justamente
depois que a maioria confirmou o favoritismo de Marcus Alexandre na capital e
de outros interesses políticos nas cidades interioranas.
O governo pecou não pelo ato que busca o equilíbrio nas
contas públicas, mas pelo lapso temporal da correção nos rumos da máquina
pública.
Sabendo dos efeitos desse divórcio com o servidor público
efetivo ou comissionado, o Palácio Rio Branco colocou um batalhão de
internautas nas redes sociais tentando mudar o foco do debate. Ai todo mundo
passou a ser culpado pela incompetência de Sebastião Viana e sua equipe
econômica. Nessa terceirização da crise só faltou citar o Papa Francisco!
Ora meus amigos, nenhum membro da oposição, seja ele
detentor de mandato ou assessor, militante, simpatizante e o que quiserem,
destruiu a política fiscal desse estado. O principal responsável pela crise que
demitiu os cargos comissionados e tirou funções gratificadas de servidores
públicos é o governador Sebastião Viana.
Acrescenta-se culpabilidade à base de deputados que sustenta
as ações do governo na Assembleia Legislativa, os que ajudaram a aprovar a
criação de novos cargos sem se preocupar com os efeitos à longo prazo do
inchaço da máquina pública. Mas lembrem: essa estratégia só funcionou porque o
governador Sebastião Viana contribuiu com graves erros e equívocos.
A verdade é que o pau sempre quebra do lado mais fraco. Na
Assembleia Legislativa tem uma penca de ex-deputados, ex-prefeito, aspones que
ganham gordos salários, e nenhum entrou na lista oculta de demitidos.
Lista oculta, até agora o governo não disse quem demitiu,
ainda não revelou de onde exonerou, ou de onde cortou, como bom médico que é, as gordurinhas.
Enquanto não fizerem uma profunda reflexão nos seus próprios
erros, o PT e seus apaixonados vão se afundar cada vez mais perante a
sociedade. O que assistimos desde ontem no Palácio Rio Branco é o resultado da
combinação da crise econômica com erros políticos que quebraram esse estado.
Esse pacote de bondades do governador Sebastião Viana é puro oportunismo, ao tentar ficar bem na foto perante uma parcela da sociedade, pode sair pior do que o ex-governador Romildo Magalhães em popularidade.
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