Mesmo para os que ainda estão na tradicional balsa rumo a
Manacapurú - cidade que embora fictícia nos contos eleitorais do Acre, existe,
no Amazonas, com história ligada a Aldeia dos índios Mura - a contabilidade dos votos e dos resultados das
eleições municipais é uma rotina que ainda vai render muitas anotações e comentários
nas próximas semanas. Afinal, finda uma estratégia e começa outra, assim os
políticos profissionais agem, pensando sempre lá na frente, na próxima eleição.
Mas a pergunta que não quer calar é quem realmente ganhou as
eleições que, embora municipais, desenha um novo mapa político no Estado entre
as duas maiores forças políticas: a situação (comandada de dentro do escritório
de Sebastião Viana) e a oposição (na visão dos diferentes partidos).
A mídia nacional se encarregou de responder essa pergunta
quando coloca Rio Branco como o último rincão do PT no Brasil. E não foi à toa,
fora nossa capital, apenas em Recife a sigla seguiu para disputa do segundo
turno em desvantagem na soma total dos votos válidos. Nem em Salvador que em
2014 deu esmagadora vitória para a presidente cassada, Dilma Rousseff, a sigla
foi capaz de se sobrepor a tempestade de escândalos envolvendo através do
Mensalão e do Lava Jato, suas principais figuras, entre elas, Luiz Inácio Lula
da Silva.
E não foi tarefa tão fácil assim livrar Marcus Alexandre
dessa crise moral que o partido enfrenta nacionalmente. Além de se livrar do
vermelho, da estrela e até diminuir o tamanho do número 13 em suas propagandas,
a cúpula petista afastou o governador do Acre das inserções de rádio e TV e
colocou Jorge Viana apenas na última semana de campanha, quando as pesquisas
apontavam larga vantagem sobre seu principal adversário.
Há quem afirme que, nos bastidores, uma luta ideológica foi
travada entre os irmãos Vianas e que tal exposição pode ter comprometido –
mesmo com a expressiva votação com 54,87% dos votos – a indicação de Marcus
Alexandre para eleição de 2018, como candidato da Frente Popular ao governo.
Coisa que só o tempo irá esclarecer melhor.
A verdade é que a estratégia de ocultar a maior simbologia
do partido em Rio Branco embora tenha dado certo, acende uma luz que já
ultrapassa a cor vermelha em todo o estado. O PT que teve crescimento desde o
ano 2000 nas eleições municipais, chegando a dominar mais de 70% das cidades
acreanas, encolhe a cada pleito. Elegeu este ano além de Rio Branco outras três
cidades: Xapuri, Brasileia e Mâncio Lima. Obteve o pior resultado político
desde 2000, emplacou apenas 20% das cidades este ano.
Além disso, o partido perdeu o domínio político em duas
importantes cidades: Feijó e Tarauacá. Exatamente as unidades federativas que
garantiram em 2010 e 2014, a eleição e reeleição do atual governador Sebastião
Viana. E o que é pior, perderam nessas regiões com a participação decisiva de
dois senadores opostos: Gladson Cameli, do PP (que elegeu o prefeito de Kiefer
Cavalcante de Feijó) e Sérgio Petecão, do PSD (que ajudou a eleger Marilete
Vitorino em Tarauacá). Cada um dos senadores ainda fez mais um prefeito no
Baixo Acre. No conjunto da ópera, a oposição papou 12 dos 22 municípios.
No Vale do Juruá, de onde deve sair o nome do próximo
candidato ao governo, o PT fez apenas um prefeito, como já dito, em Mâncio
Lima, cidade que tem pouco mais de 11 mil eleitores. Sena Madureira, o terceiro
maior colégio eleitoral ficou com o PMDB.
Com a inclusão do nome do senador Jorge Viana na lista de
suspeitos de beneficiados na Operação Lava Jato, o suposto “menino da floresta”
intitulado na planilha de propinas da Odebrecht, tudo leva a crer que, embora o
Acre ainda seja o último rincão do PT, a Frente Popular idealizada por Jorge e
companhia estancou seu crescimento. A sigla vive como rabo de cavalo. O maior
partido de massas que a esquerda já construiu na América Latina está em
liquidação.
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