sábado, 24 de outubro de 2015

Um capítulo além da desgraça humana


Me chamou muito atenção essa imagem dos promotores sorridentes no momento de entrega de um relatório sobre a atuação das organizações criminosas no Acre. 

Estão comemorando o que mesmo?
A existência de facções criminosas no Acre?
Os prejuízos econômicos causados pela onda de violência nunca antes vista em Rio Branco e cidades vizinhas comandadas de dentro do Presídio Francisco Oliveira Conde?

Enquanto nossas autoridades posam para fotografias na apresentação de meros relatórios, nossa juventude continua se matando nos bairros periféricos, onde essas facções disputam diariamente o controle do mercado de tráfico de drogas. Um negócio altamente lucrativo e violento.

São partidos do crime que de maneira rigorosa, monitoram o comportamento dos seus membros que quando quebram a regra que reza os seus respectivos estatutos, são primeiramente suspensos e em muitos casos excluídos da irmandade. Os excluídos não desfrutam de nenhum privilégio como os membros em atividade normal, até que, no momento oportuno, pagam com a vida pelo deslize cometido.

Trabalho inédito após o comando ditar ordens de dentro do FOC? 

Vão requentar números, falar novamente da importação dos supostos comandantes desses ataques para outros estados? Continuamos agindo no famoso sistema rabecão.

O que o Grupo Especial de Atuação Penal e Execução Penal tem a dizer das obras pactuadas e que não foram realizadas pelo estado de reformas e estruturação do FOC? Da falta de vagas no sistema que mais prende proporcionalmente no Brasil? Da falta de recursos humanos para a segurança dos presídios?

A sociedade acreana quer saber qual é verdadeiramente o Plano de Segurança Pública para diminuir as taxas de homicídios, o número de latrocínios em Rio Branco, roubos e furtos de veículos, o ataque ao patrimônio. Tudo isso está relacionado à guerra contra o tráfico de drogas. Uma guerra que vai muito além de nossas fronteiras.

O que o Grupo Especial de Atuação Penal e Execução Penal tem a dizer das obras pactuadas e que não foram realizadas pelo estado de reformas e estruturação do FOC? Da falta de vagas no sistema que mais prende proporcionalmente no Brasil? 

Dados do Conselho Nacional de Justiça apontam que um em cada quatro presos foram condenados por roubo ou tráfico de drogas. Em números absolutos, o Brasil possui cerca de 200 mil pessoas atrás das grades devido à repressão.

Isso é um poço sem fundo. Segundo o Anuário de Segurança Pública, 4,9 bilhões de reais foi o investimento com presídios brasileiros em 2013. A despesa média com cada preso, informa o Depen, situa-se entre 2,5 mil e 3 mil reais por mês (valor aproximado do investimento anual com alunos da rede pública). Um sumidouro de verbas.

Foi o estado que disseminou as facções criminosas pelo Brasil ao transferir comandantes desses grupos pelos presídios de todo o país.

O que comemorar?

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