Quem se torna homem público não deve reclamar quando seus hábitos no café da manhã são revelados. Considero uma regressão civilizatória essa prática vinda de alguns políticos. E pior, são os mesmo que falam em liberdade de expressão.
Infelizmente, nos últimos dias, no Acre, o que temos visto na política é uma tendência ao rebaixamento moral, à falta de ética. As consciências parecem que ficaram mais elásticas. Os interesses individuais e dos partidos políticos promovem casuísmos, tornando-se maiores do que a pessoa humana.
Eu que cresci ouvindo meu pai falar sobre José Guiomard Santos, Jorge Kalume, Oscar Passos e outros que me falha a memória, mas que eram exemplos de homens públicos tenho tido séria dificuldade de me relacionar com a classe política dos nossos tempos.
Primeiro enfrentamento é o da palavra. O que os políticos atuais defendem no palanque ou na telinha da televisão não é a mesma coisa no desempenho de seus cargos. A mentira, a falta de ética, a incompetência e a hipocrisia, desgraçadamente, não aparecem mais como elementos vergonhosos, indignos de se arrogar ao homem público.
Como diz minha velha mãezinha: “perderam a vergonha”.
Os projetos de interesses próprios são votados na madrugada. Ninguém está mais a serviço do povo, da coletividade. A popularidade obtida nas jogadas de marketing parece ter banalizado essa conquista. Os gabinetes são virtuais, o político perdeu o contato corpo a corpo, o aperto de mão, o olhar olho no olho, o calor humano. Isso são gestos jogados a cada dia na lata do lixo.
Como cobrar prontidão para o exercício em favor do povo?
Falam em liberdade de expressão porque gostam de transformar o povo em massa de manobra. E infelizmente uma grande maioria ainda acredita que exerce poder político. Acabou o juízo crítico, o que se observa é simplesmente a grande massa seguindo os condutores sem caráter. E essa mentalidade retrógrada vai a cada dia produzindo atraso e subdesenvolvimento.
O resultado é esse quadro de educação entre as piores do país. Um estado endividado, sem geração de emprego e renda, dependente totalmente do governo federal. O que mais me preocupa é a geração política que nasce da proveta eleitoral dos que protagonizam essa história. Onde vamos parar?
Diferente da época de meu pai, pouco tenho o que falar sobre política para minha filha. Quase nada tenho para lhe apresentar como exemplo de homem público.
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