O almoço
entre o governador eleito Gladson Cameli e seu vice, Major Rocha, no
Novo Mercado Velho, na última segunda-feira (3), interpretado pela imprensa como o fim do mal-estar entre as
duas maiores lideranças do Estado – por conta das nomeações do primeiro escalão
do futuro governo – foi, na verdade, um banquete em véspera de dieta.
O cardápio: arroz,
feijão, pirarucu, tambaqui e bife acebolado, não será o mesmo servido no primeiro
ano de gestão. Cuidadoso, Cameli parece ter contratado um poderoso
nutricionista com a missão de turbinar o emagrecimento da máquina pública. Em ato
contínuo ao almoço ele anunciou a redução de 10 secretárias e a fusão de várias
autarquias e fundações, diminuindo as calorias do Palácio Rio Branco sem
direito a chocolate.
Embora a equipe
de transição não tenha dito ainda quanto o Estado economizará com a reforma, a
medida é mais que acertada e as condições nunca estiveram tão propícias quanto hoje,
ocorrem de cima para baixo. Basta um simples olhar ao que vem sendo proposto
por Jair Bolsonaro em Brasília.
A capacidade
de intervenção na sociedade e os resultados dessa “dieta” a sociedade ainda vai
experimentar. Gladson Cameli em recente consulta popular observou que conta com
o otimismo de quase 100% da população questionada sobre às medidas que pretende
tomar para tornar o Estado mais forte. Isso fortalece sua política tecnicista.
O ponto de
equilíbrio nesse corte de “gorduras” é a relação com o legislativo, talvez uma
das mais complexas tarefas de seu governo, difícil até de definir quando
analisamos uma oposição vinte anos fora do poder. Tem grupo no deserto.
Tanta sede
leva ao risco da tutela, o poder de dizer como os outros tem que funcionar ou
de chegar ao Estado e achar que esse mecanismo pode fazer valer as suas decisões
pessoais.
Colocar as pessoas certas no lugar certo parece ter sido o jargão
mais apropriado utilizado por Gladson Cameli para desencastelar vícios de gestões
passadas. A ideia não
é a de que eu colocando o “meu homem lá” vai resolver. Existe o que chamamos de
lógica estatal, pressão social. Se tais fatores não estiverem presentes, a
intervenção não será satisfatória e tal figura, por mais carismática ou mais
partidária que seja, terá de desocupar o cenário. Cameli tem dito: "a caneta que nomeia é a mesma que exonera", afirmando que vai cobrar gestão de resultados.
Com paladar
aguçado, até aqui Gladson Cameli têm sido quase perfeito na indicação dos nomes
do primeiro escalão do futuro governo. Senadores, deputados federais e
estaduais devem estar com faro nas ideias da sociedade que rejeita a tutela, um
estado-babá muito presente na economia e que tem se alinhado à defesa dos
costumes e do Estado menor, mais forte.
O debate
promete ser longo. Nessa batalha, vamos precisar de muito feijão e arroz
servidos com peixe, bife acebolado, as vezes com ovo frito. Para quebrar
paradigmas a receita é o diálogo.
A mídia é simpática a ideia contrária, costuma
ouvir os dois lados. Ainda temos “aliados” e adversários encastelados, amantes
de chocolate, indispostos a fazer qualquer tipo de “dieta”.
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