Tenho ouvido vez ou outra falar de José Chalub Leite. As
vezes através do meu guru no jornalismo, o Roberto Vaz, ou pela minha diretora,
Silvania Pinheiro. O leitor deve estar se perguntando: mas o que ele tem a ver
com florestania?
Sinceramente falando, nada. Mas é dele a frase: “o Acre é
terra onde todo artista se acaba”.
Fazendo uma analogia desta frase com o conceito de
florestania criado pelo jornalista Antônio Alves, no final dos anos 80, posso
afirmar que essa ideia – do homem habitar a floresta com prosperidade – se acabou.
Durante minha viagem pelo rio Azul e as visitas feitas no
acompanhamento da caravana do senador Gladson Cameli (PP-AC) a 9 comunidades
inseridas em projetos de assentamentos na Serra do Divisor, no Acre,
certifiquei-me dessa triste realidade. Das 58 famílias assentadas ao longo
desse rio, a metade deixou o local e voltou para a cidade. Esse fato se repete
nas demais comunidades, onde a ideia simples mirada por Antonio Alves, nunca
saiu do papel. Serviu apenas para os governos do PT buscarem prestigio nacional
e internacional.
Quem lembra do “governo da floresta” carimbado nas campanhas
de publicidade de Jorge Viana e Marina Silva, seguido pelo ex-governador Binho
Marques?
A imagem abaixo, do Posto de Saúde na Comunidade Sossego
fala por si só. Invadido pelo mato, virou depósito de baratas.
A malária
assusta e para fazer o simples teste da lamina de vidro, o paciente precisa
descer o rio e navegar cerca de seis horas até o município de Mâncio Lima. E
olha que falamos apenas do problema mais agudo na área de saúde. Imaginem mães
que passam nove meses de gestação sem nenhum tipo de acompanhamento médico! Não
existe água tratada, o rio é a grande pátria.
Na área de produção, um simples ramal de menos de um
quilômetro é uma reivindicação antiga que nunca foi respeitada. Faltam implementos
agrícolas, assistência técnica, transportes para o escoamento da produção,
enfim, falta florestania.
“O último governador que olhou por nós foi Orleir Cameli”
disse seu Erson Souza, a maior liderança da Comunidade Nova Lição.
Orleir Cameli governou o Acre de 1995 à 1999. São 17 anos
que essas comunidades vivem praticamente sem nenhum tipo de assistência. Sem
nenhuma relação mais calorosa com os governos que sucederam Orleir Cameli:
Jorge Viana, Binho Marques e Tião Viana. Os mentores da Frente Popular do Acre
e do modelo de desenvolvimento sustentável e ainda, do conceito criado por
Binho Marques de empoderamento das comunidades.
Um grande engodo.
Binho Marques o último a defender tal ideia e que apresentou o Acre como o melhor lugar para se viver na Amazônia foi morar em Brasília. Florestania é felicidade, respeito ao meio ambiente, ganhar dinheiro com a floresta, sem destruí-la", dizia Jorge Viana em suas palestras. Dizia, porque na atualidade, ele está muito mais preocupado em defender seus amigos de partido no escândalo da Lava Jato, do que falar na antiga ideia.
Binho Marques o último a defender tal ideia e que apresentou o Acre como o melhor lugar para se viver na Amazônia foi morar em Brasília. Florestania é felicidade, respeito ao meio ambiente, ganhar dinheiro com a floresta, sem destruí-la", dizia Jorge Viana em suas palestras. Dizia, porque na atualidade, ele está muito mais preocupado em defender seus amigos de partido no escândalo da Lava Jato, do que falar na antiga ideia.
Tião Viana, o terceiro personagem, rompeu definitivamente com o
conceito, resolveu industrializar do seu modo, o estado do Acre. Faz um governo
pífio na área ambiental.
Além dos traficantes que descem com drogas vinda do Peru, quem
navega pelas águas barrentas do rio azul ou pelos ares da Serra do Divisor são os
prepotentes agentes do Ibama e do ICMBio. Além das multas milionárias aplicadas
nos pequenos produtores, eles ainda confiscam suas poucas cabeças de gado,
causam terror, insegurança jurídica e muita humilhação.
A história do Chico da Serra (foto à direita) emocionou o senador Gladson Cameli. O produtor nascido e criado na Serra do Divisor foi multado em mais de R$ 600 mil e teve seu gado confiscado. "Estou sendo tratado como criminoso" relatou.
Tenho certeza de que nem de longe essa foi a florestania
pensada pelo jornalista Antonio Alves. Tanto que ele rompeu com o governo da
Frente Popular, tem vivido de forma simples na comunidade do Alto Santo, no
Acre, e hoje é o presidente regional da REDE, partido de Marina Silva.
Como dizia Jorge Kalume: o homem da floresta continua no
coração da selva Amazônica a golpes de ousadia, criando novas dimensões, com os
pés mergulhados nos igarapés e rostos marcados pelo bronze do sol. Eles são um
punhado de bravos!
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