O pré-candidato do Palácio Rio Branco, secretário de
segurança pública Emylson Farias deu mais um passo atrás quando tenta iludir a
opinião pública afirmando que o estado vem diminuindo o número de homicídios.
Farias usou uma maquiagem barata, dados do Atlas da
Violência no Brasil entre 2005 e 2015. Por esses números, o Acre tem a menor
taxa de homicídios da região Norte e ficou em 9º entre os menores índices de
violência do país.
O que o pré-candidato ao governo escondeu da população são
os dados assustadores do ano passado, quando o número de assassinatos deu um
verdadeiro salto. Foram registrados 355 homicídios: matava-se, em média, uma
pessoa por dia. Essa quantidade chega a ser 120% maior que 2015.
Tá achando pouco? Nos primeiros quatro meses desse ano,
foram 166 homicídios. Em 2016, eram 30, mensalmente. Pior do que isso é o pré-candidato ao Palácio Rio Branco
esconder outros números e nomes.
Quem morre no estado do Acre?
Como elaborar políticas públicas sem saber o perfil de quem
está sendo assassinado?
Isso nos leva a crer que políticas públicas nessa área
seguem em um barco sem bússola, ao sabor dos ventos. Mas fácil é
responsabilizar as guerras entre grupos de traficantes pelos números
assustadores, é uma espécie de, transferência de responsabilidade ou
irresponsabilidade.
O secretário e pré-candidato já teve tempo de aprender que
soluções eficazes e viáveis devem necessariamente ser discutidas com a
sociedade civil. Medidas criadas às pressas em gabinetes de um governo que se
esconde da opinião pública tem poucas chances de significar real enfrentamento
à violência.
A realidade nua e crua é que nossa sociedade continua com
medo, acuada, isolada dentro de seu patrimônio. Farias bem que poderia andar
mais – com colete à prova de balas – na região da Cidade do Povo, no município
de Sena Madureira para ver de perto, longe do ar-condicionado, como anda a
insegurança no estado que ele pretende governar.
O governo
parece entrar para a ‘bancada da bala’, famosa pelo jargão de que bandido bom,
é bandido morto. Esse aliás é o pensamento de muita gente cansada de viver
insegura. Muitos apostam que esse discurso ganha eleição.
Talvez por
isso, depois que foi alçado como pré-candidato pelo governador, Emylson alinhou
seu discurso mostrando que nossa polícia é a que mais prende, reforçando a
ideia de superlotação dos presídios e ao mesmo tempo falando em pacificação. Um
debate esdrúxulo.
Visivelmente
essa gestão deixa transparecer que nunca quis, de fato, acabar com o problema,
esticou demasiadamente a corda evitando investimentos primordiais para cortar o
mal pela raiz. Por motivos ainda não revelados, nosso secretário foi muito
tímido nas soluções de combate à violência. Há quase uma década como pessoa
influente do sistema, foi incapaz de apresentar um projeto de segurança
pública.
A sociedade
espera muito mais. A noção de cidadania é descredenciada a cada roubo e furto,
deslegitimada pela corrupção que atinge em cheio o partido dos trabalhadores e
outras siglas, fragmentada diante da convivência diária com a injustiça.
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